O Grande Mal

Desde quando coito consensuado virou estupro? Os anos passam e copulam conosco a cada dia. Em nada somos vítimas se de acordo estamos. Roubam nossas mentes, pervertem nossas almas, ou seja, tudo que somos e fazemos. Tudo isso com nosso próprio aval. Em troca de quê? De um nada com o qual fizemo-nos acreditar que poderíamos possuir o mundo, a verdadeira felicidade ou qualquer outra coisa. Demos tudo em troca de nada, por livre e espontânea vontade, portanto jamais poderemos pensar que inocentes somos na maioria de nossas trocas injustas.
A esse nada muitos chamam de ORGULHO, o qual é a ruína de reinos, nações e indivíduos. O resto é apenas subproduto. Eu o chamo de O GRANDE MAL.
A guerra, os roubos, as mentiras, o preconceito, os assassinatos, as diversas formas de corrupção, toda e qualquer podridão do sistema capitalista e os demais absurdos de uma humanidade que se diz lúcida nada mais são do que apenas um subproduto do orgulho.
Por causa desse mal maior os homens fazem o que traz a si mesmos tristeza e destruição.
- É o século XXI, diz um amigo.
Sim, o século do orgulho.
É o nosso orgulho que impede que gritemos, que nos debatamos, que lutemos. Deixamos de fazê-lo por temermos sermos vistos em situações socialmente vergonhosas (a vergonha é também um subproduto). Há ainda aqueles que se fazem de vítimas para com isso buscarem os favores alheios. E também existem os que simplesmente temem a fome. Por causa do mesmo mal habitam nesta Terra mais outros que matam, oprimem, tramam, mentem e roubam constantemente.
Que se criem ciências e normas para acabar com a pobreza, as mortes, a depressão, as intrigas e a tristeza... de nada adiantam. Atacar as raízes é o melhor meio de dar fim a uma planta e seus frutos.
O problema não está na religião ou no Estado, no ensino ou na distribuição de renda, mas no câncer que invade e destrói o espírito. Esse, porém, é um mal que só pode ser extirpado de fora para dentro. O máximo que posso fazer é elevar minha voz, denunciando publicamente os criminosos que somos e nossos inúmeros crimes.